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Saúde mental e Trabalho

Saúde mental e Trabalho

Por Marillucy Santana da Silva* – Psicóloga CRP 06/78853

O interesse com os assuntos ligados à saúde mental no ambiente de trabalho vem crescendo cada vez mais no meio dos profissionais das áreas de saúde, pesquisadores, estudiosos, empresas e trabalhadores.

Isto porque o número de casos de afastamentos por transtornos mentais vem aumentando no Brasil. O INSS tem como registro mais de 190 mil segurados afastados por doenças ligadas a esse tipo de transtorno. Trabalhadores que se afastaram por transtornos mentais geram para a empresa impactos financeiros, técnicos e os demais funcionários podem se sentir desmotivados ou até mesmo amedrontados. Também causa um grande impacto no seu ambiente familiar e social.

Mas quais distúrbios psíquicos podem ser causados pelo ambiente de trabalho?

Alguns ambientes de trabalho podem ser causadores de quadros como ansiedade, estresse, depressão, Síndrome de Burnout (Exaustão mental e física decorrentes do trabalho), transtornos bipolares, entre outros. Também transtornos mentais relacionados ao consumo de substâncias psicoativas como álcool e drogas devido a frustrações no ambiente de trabalho.

Condições de trabalho

Ambientes onde funcionários estão expostos a condições físicas, químicas e biológicas na execução do trabalho podem interferir nos processos mentais, portanto relacionados à Saúde Mental.

Podemos citar como exemplo funcionários de produção que manipulem mercúrio sem o devido cuidado e uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) adequado para a realização dessa atividade. A intoxicação por mercúrio pode alterar a estrutura do sistema nervoso podendo gerar perda de memória, perda de autocontrole emocional, depressão, entre outros.

O ambiente com muito ruído, sem a proteção adequada, pode ocasionar fadiga, irritação, ansiedade, entre outros.

Quais fatores podem desencadear Transtornos Mentais no ambiente corporativo?

– Falta de segurança no trabalho;

– Ameaça constante da chefia;

– Assédio moral;

– Ritmo de trabalho intenso ou monótono;

– Cobrança excessiva;

– Jornada extenuante;

– Falta de reconhecimento profissional por parte da chefia;

– Baixa remuneração;

– Alta carga de trabalho;

– Metas inalcançáveis;

– Dificuldade diante da empresa em programar férias;

– Sentimento de desgaste;

– Acúmulo de funções;

– Competitividade entre funcionários;

– Falta de recursos para executar a atividade.

 Como a empresa pode atuar?

A melhor forma da empresa atuar é com a prevenção, focando na informação e conscientização.

A área de RH é de suma importância nesse trabalho, principalmente na comunicação, com o intuito de prevenção, onde o funcionário poderá ter a confiança de relatar o que sente contando com a discrição e apoio do departamento.

Case

Participei de um projeto caracterizado como Gestão do Capital Humano em uma determinada empresa onde o foco eram os funcionários em todos os aspectos.

O projeto era composto por vários pilares de temas e atuações. A prática era feita por treinamentos, porém alguns, até mesmo que indiretamente, eram de grande importância para a saúde mental dos funcionários. Seguem exemplos:

– Trabalho com a liderança: Preparar os gestores para lidar com questões humanas e não só técnicas; otimização na relação com os colaboradores; descaracterizar o traço de rigidez e frieza no comando.

– Qualidade de Vida no Trabalho: Voltado para todos os aspectos relacionados à qualidade de vida do funcionário. Parceria entre as áreas de Recursos Humanos, Saúde e Segurança do Trabalho. Ex. Programa: Antiestresse; Antitabagismo; Sedentarismo, etc.

– Relações Interpessoais: Desenvolver atitudes e habilidades para lidar com as relações interpessoais. Facilitar o autoconhecimento e autodesenvolvimento. Desenvolver flexibilidade comportamental.

– Gestão de Conflito: Desenvolver habilidades para identificar e lidar com conflitos, buscando solução para os problemas encontrados. Discutir e se familiarizar com formas eficazes de gestão de conflitos.

– Comunicação: A eficácia da boa comunicação; a importância de saber ouvir; a comunicação em equipe, entre outros.

Realizava periodicamente conversas individuais com os funcionários com o intuito de saber como andava sua condição emocional e se havia alguma queixa ou sintoma.

*Sobre a autora:

Marillucy Santana da Silva – Psicóloga – CRP: 06/78853

Pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental – CBI of Miami

MBA em Aspectos Psicobiológicos da Saúde do Trabalhador pela UNIFESP – Univ. Federal de São Paulo;

Especialização em Gestão de Pessoas – Instituto Pieron

Trabalho acadêmico: A relação trabalho/Trabalhador na perspectiva de pintores industriais.

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