“Quando há coração dá para fazer mais”.
Para mim, essa frase resume uma experiência com um caso emocionante que acompanhei durante um trabalho de consultoria, quando uma mãe aceitou que seu filho tinha TEA.
Tudo começou quando, em um passeio na praia, o filho dela brincava com outra criança e houve um breve e revelador diálogo: “Ele tem o mesmo problema do meu irmão! Ele é autista”, disse a menina que brincava com o seu filho.
Nesse momento, o mundo dessa mãe desabou: mundo que ela já havia sentido, mas não queria admitir que seria diferente para seu filho e para ela. Afinal, ninguém tinha se preparado para isso. Somos preparados para filhos perfeitos.
Quando essa realidade bateu à porta daquela família, veio tudo junto: as dificuldades dos pais em aceitar a situação; o marido pedindo a separação por não saber lidar; as ausências necessárias no trabalho; um cuidador especial em casa…enfim, todos os aprimoramentos diferenciados para atender aquela criança tão especial tomaram conta dos seus dias e noites.
Nesse momento, como consultores de saúde, entramos nessa história, que ocorria em uma empresa pequena, com uma funcionária querida e que acabava por ser o caso central da empresa e da área de Recursos Humanos.
Abraçamos aquela desafiadora história e conseguimos tudo o que legalmente o caso tinha direito, porque essa era a nossa expertise – e não a deles – e conseguimos muito mais: comovidos, solicitamos uma segunda avaliação de diagnóstico com especialista, um médico foi pessoalmente ao local de trabalho da funcionária para explicar como ela deveria lidar com a nova realidade; encurtamos alguns caminhos dialogando diretamente com pais que já viviam situação semelhante e que integravam nossa carteira de clientes, os quais nos mostraram ótimos caminhos.
Aconselhamos o RH que havia ali um problema socioeconômico e que, independentemente do Plano de Saúde, a funcionária deveria recorrer à ajuda do sistema público, pois esse era o canal mais especializado, onde poderia oferecer o aconselhamento que ela necessitaria e o tratamento contínuo que a criança teria, de fato, para um caso que era para a vida e não só para aquele momento. Alertamos que se ela mudasse de plano de saúde ou até mesmo não tivesse plano, ela poderia continuar o tratamento dessa criança sem prejuízos.
Isso foi um relato, muito breve, de um fato que comoveu a empresa e nós, como consultoria, ao nos proporcionar a certeza de que nossa célula especial de acompanhamento de casos estava no caminho certo e ainda colaborou para a robustez das nossas pesquisas.
Recentemente, em janeiro de 2020, foi criada a Carteira do Autista – Lei 13.977 Romeo Mion, que tem como padrinho o pai do garoto Romero, o apresentador de TV, Marcos Mion, além de algumas Operadoras, como a SulAmérica, já disponibilizarem um programa específico para o tratamento do autismo, que oferece uma equipe multidisciplinar em um único local.
E é isso que gosto de fazer. É nessa hora que temos que ampliar o olhar, deixar os processos fluírem bem para que seja possível fazermos um papel onde nosso conhecimento seja transformador e faça a diferença na vida de alguém.